terça-feira, dezembro 20, 2005

Afia querido

Gosto de afias antigos, em que se mete o lápis e roda, afias que não se rendem às modernidades vazias, que
.......................não torcem a coluna em vénias, não dizem amen a tudo o que é escrito
...... por iluminados
.......................só porque sim/para agradar
para não destoar do sorriso de plástico da fotografia artística.

sexta-feira, novembro 25, 2005

quarta-feira, outubro 12, 2005

sábado, setembro 17, 2005

terça-feira, agosto 30, 2005

ideia de fome

sou por principio contra os tupperwares e outros plasticos dentro do frigorifico, a favor da fruta fresca, colorida, boémia e simples, contra os movimentos contra a comida pré-congelada (o que é ao certo aquilo a que as nossas elites chamam desdenhosamente de fast food?), sou pelo mercado e pelas castanhas, pela liberdade dos coelhos anões albinos, pelas cenouras, e pela abóbora quando não há canouras, mas se comigo ou com os meus uma fome terrivel acontecesse, se não tivessemos nada para comer depois de uma grande caminhada, não juro nada, mas se bem me conheço (que é isso de nos conhecermos?) seria bem capaz de ir ao macdonalds e os hamburgueres a que tenho direito só a ferros sairiam de dentro de mim.

segunda-feira, julho 18, 2005

domingo, julho 17, 2005

Cats




Que fazes por aqui, ó gato?
Que ambiguidade vens explorar?
Senhore de ti, avanças, cauto,
meio agastado e sempre a disfarçar
o que afinal não tens e eu te empresto,
ó gato, pesadelo lento e lesto,
fôfo no pêlo, frio no olhar !

De que obscura força és a morada?
Qual o crime de que foste testemunha?
Que deus te deu a repentina unha
que rubrica esta mão, aquela cara?
Gato, cúmplice de um medo
ainda sem palavras, sem enredos,
quem somos nós, teus donos ou teus servos?


Alexandre O'Neill

terça-feira, junho 28, 2005

Quem?

Não sei quem és. Já não te vejo bem...
E ouço-me dizer (ai, tanta vez!...)
Sonho que um outro sonho me desfez?
Fantasma de que amor? Sombra de quem?

Névoa? Quimera? Fumo? Donde vem?...
- Não sei se tu, amor, assim me vês!...
Nossos olhos não são nossos, talvez...
Assim, tu não és tu! Não és ninguém!...

És tudo e não és nada... És a desgraça...
És quem nem sequer vejo; és um que passa...
És sorriso de Deus que não mereço...

És aquele que vive e que morreu...
És aquele que é quase um outro eu...
És aquele que nem sequer conheço...

Florbela Espanca

segunda-feira, junho 27, 2005

para todos vós...


... seguem daqui um sorriso e um abraço apertado :-)

terça-feira, junho 21, 2005

Cat Woman



A feminina mais felina que a gata...qual a mais gata?

E a felina, como é feminina...

Quase desconcertante.

terça-feira, junho 07, 2005

Rosto em chamas!!!

Acender o cachimbo lentamente*
com os olhos postos no infinito

Fingir que não se ouve não se sente*
o crepitar do bigode
o cheiro a frango assado dos pêlos queimados

Abrir os olhos
revirá-los
em direcção à boca

E correr a mergulhar a cara
no lavatório mais próximo
saber apagar e apagar-se*
penosa necessidade
*
do rosto que em chamas
se consome

Em terríveis trapalhadas
se mete
um distraído

Com "*" e em itálico, versos de Mário Dionísio, que me inspirou, o resto é meu...:)

domingo, maio 01, 2005

Palhaços (3)

Dia do Trabalhador



Para todos os trabalhadores do mundo, segue daqui o meu abraço apertado :-)

sábado, abril 23, 2005

segunda-feira, abril 11, 2005

O Grito



Vejo um rosto e umas mãos na cabeça e um grito surdo que ecoa e me penetra os ouvidos. É fantástico ao passar toda a dor e todo o isolamento daquele ser humano, perdido dele e do mundo.

Mas um grito faz bem. Um grito isolado, numa praia deserta ou numa apraça apinhada, ora, ninguém ouve, de qualquer maneira.

Mas o pior, o pior mesmo, são os gritos que ficam presos e mudos e que não passam e nos dilaceram o interior sem exorcizar os demónios sempre atentos.

sexta-feira, março 11, 2005

La capacidad de reír

La capacidad de reír en común es la esencia del amor.

Françoise Sagan

segunda-feira, março 07, 2005

Quase engasgo violento

Ia-me engasgando hoje ao comer uma cenoura. Que cenoura, meu Deus, que cor. Só me lembrava dos coelhos anões albinos.
Cheguei a casa depois de comprar jornal e ir ao supermercado, tinha vestidos uns calções da tropa, um chapéu de cowboy e uns óculos escuros: boémia e simples.
Nesse bem estar comigo mesma abri os sacos do supermercado para guardar tudo no frigorifico e, mal me dobrei para tirar as compras dos sacos, deu-me uma tontura de fome. Avancei em direcçao ás cenouras mas retrai-me. Estivémos naquele demorado jogo uns bons minutos, as cenouras e eu. Por fim cedi. Com tanta fome que quase me engasguei. Consegui evitar o pior bebendo água. Água fresca e sedutora.
Foi melhor assim.

sexta-feira, fevereiro 11, 2005

Agora é que vais ver

Morreu ontem Artur Miler, dramaturgo.



Quero lá saber se era genial, o que importa é que tinha vergonha do filho que sofria de sindrome de Down.

Descansa em Paz, Artur, se conseguires!

Antonio Mancini

domingo, janeiro 23, 2005

A receita

- Ponha o bacalhau a demolhar no dia anterior.
- E depois?
- Depois de bem demolhado, corte-o em postas.
- E a seguir?
- Leve-o a cozer com leite.
- Mesmo?!
- Mesmo.
- ...
- Entretanto, pique as cebolas e leve-as a estalar com azeite, louro, sal e pimenta, um pouco do leite de cozer o bacalhau.
- E a cebola?
- A cebola deve ficar branca e macia e nunca loura.
- Pois, loura é que não...
- Depois de cozido, escorra o bacalhau e coloque-o num recipiente de barro.
- E o que é que eu faço à cebola?
- Deita...
- Deito-me?
- Não. Deita a cebola sobre as postas de bacalhau. Enfeite com o puré de batata e leve a gratinar. Junte também azeitonas pretas.
- Ah.

sábado, janeiro 01, 2005